sábado, 19 de abril de 2014

O Movimento "Arts and Crafts" - A Abertura ao Modernismo

A filosofia estética do Movimento Arts & Crafts foi parcialmente influenciada pela Arte Medieval, intimamente ligada ao Movimento da pintura Pré-Rafaelista.

O Movimento “Arts & Crafts inspirou e contagiou artistas Europeus através das feiras, revistas e visitas a exposições.


O Movimento “Arts and Crafts” veio contestar os efeitos negativos e principalmente como reação a confusão moral, social e artística provocados pela Revolução Industrial.  Em contrapartida incentivava o retorno a qualidade dos produtos e conceitos, dos desenhos e formas assim como a valorização da mão de obra qualificada, rejeitando a produção de massa das mercadorias.

Visto como uma transição do Período Vitoriano para o Estilo Art Nouveau e ao mesmo tempo uma contestação caracterizado por temas de natureza orgânica,  liderado por alguns artistas daquela época,  evoca profunda evolução de conceitos e valores arraigados na sociedade da época e como todo processo de transformação há uma construção de  etapas a serem vencidas. Mudanças acontecem quando temos conscientização do momento,  identificamos caminhos com vislumbre do futuro.  Há séculos havia uma imposição de padrões rígidos culturais, artísticos, sociais e religiosos determinados por uma minoria. Em consequência deste cansaço e com o advento da Revolução Industrial estabeleceu-se uma confusão de valores. 

O  Movimento Arts and Craft exigiu transformações essenciais de conceitos e foi o veículo que permitiu mudanças para o modernismo.

Necessário se faz mencionar importantes líderes ingleses deste movimento.

William Morris é o personagem central  do Movimento Arts and Crafts na Inglaterra que descontente com a qualidade e desenho do mobiliário Vitoriano passou a desenhar e supervisionar a produção de móveis, vidros e tapeçaria de sua residência, também conhecida como Red House levando-o em 1861 a se estabelecer com seis amigos a empresa de arte e decoração Morris, Marshall, Falkner and Company, mais tarde Morris & Company em 1875. 

Por outro lado teve como inspirador filosófico do Movimento, John Ruskin.


John Ruskin  escritor, professor de Oxford, crítico de arte e  arquitetura e vigoroso defensor de mudanças sociais da época e principalmente a Vitoriana. Ruskin compartilhava e também rejeitava a economia mercantil. Questionava o mau gosto da produção de massa, a falta de honestidade de artesãos, defendendo o princípio que os serviços dos artesãos deveriam servir a uma sociedade e não somente a um resultado comercial financeiro.

O Movimento Arts and Crafts  tinha como objetivo  promover entendimento e aproximação entre a arte e a indústria introduzindo alto padrão artístico de qualidade aos produtos, valorizando a experiência adquirida pelos artesãos inspirados pelo meios desenvolvidos e absorvidos nos períodos anteriores na Renascença e Idade Média, que haviam proporcionado valorosa  qualificação profissional.

Em síntese, o Movimento Arts and Crafts após 1880 com  Wiiliam Morris,  inspirado pelas teorias sociais de John Ruskin,   expressava  descontentamento das formas impostas pelo maquinário da Revolução Industrial. Denunciavam a uniformidade dos produtos, defendiam a criatividade humana, a utilização de materiais tradicionais, o romantismo, a preservação das origens folclóricas e todas as expressões manuais.

Na Europa de 1880 e 1890, artistas formavam associações em oposição a regras impostas pelas instituições dominantes. Havia consenso na insatisfação pela predominância dos padrões industriais afetando todos os segmentos de produção e não há uma linha divisória neste processo. Podemos considerar o Movimento Arts and Crafts de uma forma mais abrangente, iniciando-se  em 1880-1917 aproximadamente.

Foi através do Estilo Art Nouveau  por volta de 1893 que a arquitetura, mobiliário e a forma dos objetos foi expressada,  utilizando formas curvilíneas claramente inspiradas nos elementos da natureza e visto como um meio de transformação e renovação no ambiente global,  sendo imprescindível que arquitetos e designers tivessem a contribuição técnica de “artesãos experts” para execução dos produtos, manifestando assim o novo conceito.

Eclode então o Estilo “Art Nouveau”. 

Nota: 
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Posted by Nazira Pires Amado 18.04.2014


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

De onde vem o Design?


Um dos objetivos de nossos Blogs é oferecer aos leitores informação confiável.  

O entendimento do que é realmente Design, de que trata o Design no Brasil é por demais  distorcida.       Em geral, o que não conseguem classificar ou identificar chamam de Design. Sendo  um tema que requer muito mais cultura, conhecimento e compreensão dos processos que precederam ao Design, torna-se refém de especuladores. Não buscam  leitura e informação.
Há inúmeras publicações sobre Design no exterior e há algumas no Brasil.

Se você caminhar pelas ruas, em qualquer cidade da Europa e principalmente nos Países Escandinavos, perguntar a um pré-adolescente o que é Design, terá não só uma resposta positiva como lhe indicará onde há lojas de Design, que o irmão é Designer, e outras respostas, mostrando total familiaridade com o tema. Estamos certos que se trata de um problema cultural.

Para entender o Design que hoje desfrutamos em nossa vida contemporânea é preciso olhar para séculos atrás quando houveram  processos importantes de mudanças que propiciaram o advento do Design.

Abordaremos os processos que antecederam ao Design em síntese por não ser nosso foco, apenas como entendimento mais amplo do processo histórico, fatos  e acontecimentos envolvidos.

O homem vai construindo sua história deixando digitais e contribuindo para gerações futuras. 
Chegar ao Design só foi possível porque houveram  transformações.

Revolução Industrial   >  Movimento Arts and Crafts   >  Design

A Vida no Campo e o Trabalho

Desde a Idade Média a sociedade estava estruturada para trabalhar em todas as atividades em sistema rural. Vivia-se no campo e do campo.

Tradicionalmente, o trabalho manual era assimilado através de estágios.  

Jovens por volta de 9/12 anos eram “os aprendizes”, que sob a tutela de mestres se profissionalizavam.  Com o advento do motor e das máquinas substituindo o trabalho manual(artesãos), apesar da perda da qualidade, venceu a velocidade da máquina.  

A Revolução Industrial - Síntese

Até o início do Século XVIII o povo subsistia da agricultura, enfrentando difíceis condições  climáticas, repetindo padrões de seus ancestrais e governados pela minoria social e política da elite.
Nos 150 anos subsequentes houve uma explosão de novas  idéias  e  invencões tecnológicas que proporcionaram um desenvolvimento industrial e países urbanizados.

Vários foram os fatores que contribuíram com a situação econômica, política e intelectual.
Esta transformação conhecida como Revolução Industrial se iniciou na Inglaterra.

Construiu-se rodovias, estradas de ferro, canais, cidades expandiram, fábricas desenvolveram,  período que se seguiu do Século XVIII ao XIX com grandes mudanças na agricultura, manufatura, mineração, transporte e tecnologia estendendo-se para  Europa, América do Norte e o mundo.

Mudança do trabalho e economia de base animal para maquinário, mecanização de indústrias têxteis, desenvolvimento técnico, aumento no uso de carvão refinado propiciando expansão comercial pelo uso de canais, poder naval e aumento de rodovias e estradas de ferro.

A idéia de “fazer lucros” impulsionou a Revolução Industrial.  Havia um consenso na motivação de encontrar soluções, a população crescia e com ela a demanda de consumo.

Invenções como o motor de Thomas Newcomen em 1712 tornando as minas viáveis  econômicamente,  Isaac Newton com a força da gravidade, Robert Boyle com o gás e suas propriedades.

Proliferavam  idéias científicas, tecnológicas e a Inglaterra como  os demais países europeus não sofria pressão por parte da Igreja ou do Estado.
Era a Idade da Razão em que a visão estabelecida de que o mundo foi criado por Deus, era desafiado a cada conquista científica provando os princípios da natureza.

O sistema de governo parlamentarista que sucedeu a Revolução de 1688-1889 proporcionou segurança aos investimentos dando suporte favorável as taxações à expansão econômica. Comerciantes podiam investir e ter seus lucros sem muita interferência do Governo. Como nunca o Parlamento Britânico adquiriu maior independência da monarquia, enquanto na França, embora tendo expoentes no campo da ciência, havia uma monarquia dominante que controlava a vida política e social.

O governo investia na Marinha Naval e encorajava investidores privados a comercialização. Mercadorias vinham através da Companhia da Índias, tabaco da América,  especiarias da Índia e chá da Índia.

O suporte e atuação naval e as colônias, foram vitais no processo da Revolução Industrial dominando o comércio Trans-Oceânico.

A Revolução Industrial deu início a era do crescimento econômico per-capita na economia capitalista, considerado o mais importante acontecimento na história da humanidade, desde a domesticação dos animais e plantas.

Cerca de 1815 a Inglaterra era o mais poderoso Império do Mundo.

Fatos correlacionados.  Início do Século XIX

Família Real Portuguesa chega ao Brasil(Bahia) em 1808
A Coroa Portuguesa tinha relações comerciais estreitas com Inglaterra
França e Inglaterra disputavam a liderança na Europa
Napoleão Bonaparte decreta o Bloqueio Continental contra Inglaterra

Próximo Post abordaremos  o  "Movimento Arts and Crafts".

Posted by Nazira Pires Amado

Um Olhar... Na Cultura, Arte, "Antiques" Século XVIII-XIX






                                          






domingo, 5 de janeiro de 2014

Mudanças do Século XXI e Antiques

Até os anos de 1980 aproximadamente, ainda havia no Brasil  empresas “familiares” tradicionais e era natural a sucessão por seus descendentes.

Filhos trabalhavam com os pais dando continuidade a empresa da família.  Muitas marcas se tornaram referência nacional.

O mesmo ocorreu no mercado de arte e antiguidade embora empresas de menor porte que detinham o poder e acesso a grandes acervos e coleções acumuladas durante gerações. Os estabelecimentos ofereciam estrutura e credibilidade às famílias ricas e tradicionais brasileiras como Matarazzo, e Penteado em São Paulo e os Guinle e Lages do Rio de Janeiro, citando apenas alguns. 

Com os novos conceitos empresariais e de mercado, com a “avalanche” de exigências de mudanças no estilo de vida, comunicação e globalização as grandes empresas foram atingidas, arrastando neste processo as médias e pequenas empresas e mercados, onde está inserida “Arte e Antiguidades”.

Paralelo a estes movimentos observamos uma “decadência” cultural, baixo nível na educação e ainda um grande incentivo ao consumo por parte dos governos, da mídia e da sociedade emergente de forma geral. Nada contra a evolução de processos, mas não se constrói nada sólido sem alicerce. É básico. Gerações que não buscam cultura e educação  predominantemente “sobrevivem” e terão seu futuro comprometido.

No descompasso dos anos, fecharam estabelecimentos, outros mudaram de direção não houve sucessão e neste momento nos deparamos com uma nova fórmula encontrada pelo Mercado de Arte. Internet.

O mercado de arte e antiguidade incorpora características muito peculiares. 
É extremamente social, de tradição e necessária credibilidade, conquistada pelo contato direto, frequente e estável. É indispensável saber onde está e  quem é o outro. Antiquários e clientes trocam informações, mantém elo amigável, até de fidelidade durante longos anos, em regra geral. 

Sob um ponto de vista mais amplo, o Brasil não é um País que investe em credibilidade. Diáriamente, assistimos órgãos de defesa do consumidor buscando resgatar os “direitos” de compradores. Estados Unidos e Europa, há mais de oitenta anos praticam a venda por catálogos de uma infinidade de produtos. No Brasil a única marca que conquistou o espaço permanente de venda por catálogo foi AVON. Não é para se pensar sobre isto?

Mercado de Arte e Antiguidades envolve valores subjetivos e informação precisa, autenticidade, estado de conservação, origem e principalmente credibilidade. Comprar arte e antiguidade é por tradição uma necessidade  táctil de quem está adquirindo. O aficcionado por objetos de arte, alimenta  uma permanente expectativa da descoberta, do sentimento de posse, do inusitado e da alegria de ter a sua disposição o objeto desejado. É como começar um jardim. Você precisa conhecer o solo, o que plantar, qual o  melhor local e clima, entender suas necessidades, colocar adubo, molhar sempre a assistir sua semente crescer.

O mercado de arte e antiguidade cultiva colecionadores.Ser colecionador é criar seus próprios desafios e cada aquisição é comemorada. É necessário ter um “quê” de “caçador”, de “garimpeiro”.

Embora a Internet  tenha acrescentado uma nova e maior dimensão entre fornecedor e consumidor tem em contrapartida a possibilidade de equívocos principalmente em segmentos que tem como princípio a confiança.

Nossa sugestão é que façamos uma reflexão sobre o tema.

Posted by  Nazira Pires Amado  Em 6.01.2014

Nota: 
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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Design - Os Escandinavos e Design


Falar de excelência em Design é falar nos Países Escandinavos.

Como definiria os Escandinavos?  Seguramente poderei apontar duas palavras
que os definem.  “Simplicidade e Sofisticação”.

Simplicidade, gosto apurado. Sensibilidade, percepção do essencial  
ao preservarem as características intrínsecas da matéria-prima e do Design, 
potencializando suas qualidades a ponto de atingirem a "Sofisticação"  pela
"Simplicidade".

Vindo da mesma raiz histórica, cultural e econômica, exceção  à Finlândia  que
pertencia a Rússia se tornando independente posteriormente no Século XX,
cada País Escandinavo transmite sua identidade nacional, temperamento e
expressão, através do Design. 

É notável a compreensão e respeito as necessidades do coletivo,
preservação da natureza visando o futuro, o uso eficiente e sustentável, a
valorização e aproveitamento de materiais e matéria-prima local que aliados a                     tecnologia de ponta atinge uma qualidade impecável,  se tornando a                                         maior referência mundial em Design.

Mais que a maioria dos países do primeiro mundo que produzem  Design, os
Escandinavos perseguem um ideal democrático-social de alto padrão de
qualidade e ao considerar finalizado um produto, não há o que acrescentar, ou
excluir. É perfeito, funcional, durável, ergonômico, elegante, bonito, leve e
puro DESIGN.

Pessoas podem não gostar do gênero, não entenderem bem o conceito, não
saber como ambientá-lo por ser um diferencial que se impõe em qualquer
ambiente. É preciso arrojar, conhecer a harmonia das formas e não 
submergir em padrões conservadores,  já  esgotados.

Certamente o Design Escandinavo retrata acima de tudo,  “Nosso Tempo”.                               Democratização do Design, sustentabilidade, funcionalidade, tecnologia, 
ergonomia,   são temas recorrentes embora ainda ausentes  em espaços
residenciais, comerciais ou públicos. 

Posted by  Nazira Pires Amado  December 9th, 2013